15 de abril de 2011

é assim que é...



e há de ser tão dificil estar e viver no hoje... que me sinto num amanha distante, comigo e só no silêncio de ser eu mesmo...

(par moí)

11 de abril de 2011

canta Elis, canta...

"se eu quiser falar com Deus...
tenho que ficar a sós...
tenho que apagar a luz...
tenho que calar a voz...
tenho que encontrar a paz...
tenho que folgar os nós
dos sapatos, das gravatas, dos desejos, dos receitos
tenho que esquecer a data...
tenho que perder a conta...
tenho que ter as maos vazias...
ter a alma e o corpo nús...

se eu quiser falar com Deus...
tenho que aceitar a dor...
tenho que comer o pão
que o diabo amassou...
tenho que virar o cão...
tenho que lamber o chão dos palácios, dos castelos suntuosos dos meus sonhos
tenho que me ver tristonho...
tenho que me achar medonho...
e apesar de um mal tamanho
alegrar meu coração...

e se eu quiser falar com Deus...
tenho que me aventurar...
tenho que subir aos céus...
sem cordar pra segurar...
tenho que dizer adeus...
dar as costas, caminhar decidido
pela estrada que ao final vai dar em nada, nada, nada, nada...
do que eu pensava encontrar...

se eu quiser falar com Deus..."

ps: a música eh do gilberto gil, mas interpretada lindamente em capela pela pimentinha, de hoje e sempre, elis regina.

3 de abril de 2011

os dragões não conhecem o paraíso

"Como uma fome, me dava. Mas uma fome de ver, não de comer. Sentava na sala toda arrumada, tapete escovado, cortinas lavadas, cestas de frutas, vasos de flores - acendia um cigarro e ficava mastigando com os olhos a beleza das coisas limpas, ordenadas, sem conseguir comer nada com a boca, faminto de ver. À medida que a casa ficava mais bonita, eu me tornava cada vez mais feio, mais magro, olheiras fundas, faces encovadas. Porque não conseguia dormir nem comer, à espera dele. Agora, agora vou ser feliz, pensava o tempo todo numa certeza histérica. Até que aquele cheiro de alecrim, de hortelã, começasse a ficar mais forte, para então, um dia, escorregar que nem brisa por baixo da porta e se instalar devagarzinho no corredor de entrada, no sofá da sala, no banheiro, na minha cama. Ele tinha chegado."

caio, claro.

22 de fevereiro de 2011

diário de nattan perius, outubro de 1929...

"Começou a chover forte lá fora... E mesmo assim eu preferi não ascender o cigarro, não me debruçar na varanda, não olhar a rua sob a tempestade... Preferi o que me dói menos, o quarto, a cama, a solidão de sempre. Quanto mais o tempo passa, mais eu penso que me tornei um mendigo de afetos, pedinchando um pedaçinho de atenção, trancado aqui dentro, dentro do meu eu."

Entre o fogo e a derme


Como quem sopra
a própria pele antes
para você queimar
melhor, mais
eficaz. Com você,
os pontos da sutura
são auxílio ao corte.
Deito e observo
o prazer com que
você me desinfecta
para proteger,
contra minha tez,
os seus insetos.
Eis-me aqui,
querido, todo pós-
utópico depois
que você confunde
pela centésima vez
sulco e charrua
durante o sexo
ou seu exagero
em buscar no dicionário
antes de me tocar
a etimologia de palavras
como amortecimento.
Quando você fala,
arreganho os ouvidos
e olvidos e Ovídios
e respondo
à attention span
de peixe dourado
que você me dedica
em nossa vida de aquário.
Sei que devo soar,
aos seus ouvidos,
como um conjunto
de erratas e spam.
Resigno-me
como inseto extinto
preso em sua resina.
Os amigos sugerem
que eu deixe o cronômetro
vir coser os lábios
da ferida, enquanto
você seleciona
em random mode
por trilha-sonora
o sonzim dos meus ossos
que engranzam
sob o seu corpo.
Silêncio não
é costureira,
nem na Espanha
onde talvez haja
alguma que atenda
por Martírio ou Remédios,
como numa peça qualquer
de Lorca ou outra louca.
Sinto-me como uma Orca
justiceira ou uma Scarlett O´Hara
sem Tara.
Resta-me a esperança
que arqueólogos futuros
me descubram, soterrado,
fossilizado, esquecido
sob as suas vírgulas.
Hei de voltar, como um vírus
trancafiado nas tumbas
de Tutancâmon ou outra múmia,
devastarei paisagens e populações
à procura dos seus pulmões.

(Ricardo Domeneck)

PS: adoro esse poema, e a foto é dum blog que eu nao lembro o nome, e eu também gosto dela.

quem vem com tudo não cansa...

olá gaylera. estou notificando a minha volta (mais uma vez) depois de um tempo sem postar... as vezes eu penso que poderia escrever aqui todos os dias, e as vezes eu penso que jamais seria capaz de escrever uma frase que tenha sentido. entao. quem vem com tudo nao cansa (betty balança?)#cazuzaforever.

fiquem de olho... moda, arte, poesia e um pouquinho de sacanagem do minha memória suja, o meu blog diário. bjs