30 de abril de 2010

de um menino bobo e frágil...


"Eu vejo meu futuro, em bola grande, de cristal: cerzindo roupas velhas-mortas, embaixo de uma goiabeira no quintal. Eu vejo meu futuro, em runas, conchas, tarô: baloiçando-me em cadeira de vime, mãos com cheiro de cebola, óculos redondos como do meu avô. Eu vejo meu futuro porque sou do além-mar, eu vejo meu futuro porque cansei tanto de remar. Quero ser o mesmo pássaro de asa quebrada, a piar."

Felipe Freitag (poeta, pequeno, bobo e frágil)

24 de abril de 2010

Daria uma canção, não?


Um beijo lento
Leito de mordaça fria,
Coluna de baratas tontas,
Versos de poetas loucos.
Um beijo e um tanto.
Pernas vadias pelo ar-soltas.
Calças perdidas pela madrugada.
Corpos em pele, cantados nos raios.
Ah, como eu queria mais uma vez as margaridas.
Aquelas dentro dos teus olhos santos.
Ah, como eu queria tua voz partida.
Aquela mal dosada, em solavancos-muitos.
E os dedos longos sobre o meu pescoço.
A nuca arrepiada, o peito ofegante-delirante.
Teu suspiro ALTO.
Sobrou tanto-muito-algo
Lago de lembranças-valsas.
Olho meu rosto-face ladrilho de lágrimas baças.
Balancei aflito e a-go-ra (hora) morto.
Um beijo lento
Lenço de adeus num porto bem repleto-nem um teto.
BALSA-LAÇA-LAÇO-TEIA-CAÇA(animal ferido)

Felipe Freitag (poeta gaúcho e meu amigo querido)

21 de abril de 2010

Desabafo...


Não, não, hoje eu não vim ate aqui escrever porque deu tempo ou coisa assim, eu vim escrever porque simplesmente deu necessidade... Vim em passos miúdos, vim com um pouco de medo de não saber o que dizer, ou acabar dizendo tudo e que esse tudo não seja realmente o que vocês esperam (pior ainda, que esse tudo não seja tudo pra mim).

Vim como quem não quer dizer certas coisas, porque dizer é irremediável, sempre se tem ouvidos de mais pra escutar coisas que poucas bocas deveriam falar. Hoje eu fiz tudo que não planejei, não limpei mais, não lavei mais, não tomei aquele banho demorado, pelo contrario, comprei um livro novo, comi aquelas porcarias de mercado, bebi cerveja barata e coca cola gelada e escutei todas aquelas musicas da Bethânia que torturam meus pensamentos, que prometi que ia deixar de escutar por um tempo, hoje que estou vivo, fiz bobagem como quem faz brigadeiro e se lambuza.

Não é que hoje eu queira ser só meu, ser dos outros esta tão difícil... esta um quase pouco impossível, “estou achando que não sei nada de mim” (tocando aqui)... esse blog virou diário, não sei mais falar de coisas que não seja eu, as pequenas dores, os nunca amores, a completa ausência tua. Mas estou bem, com aquela velha inquietação no coração e nos dedos, coisas impossíveis de proibir em dias de chuva fraca como hoje.

Que a vida seja leve comigo, e me traga amor e todos os problemas que vem junto com ele.

"Um dia sobre nós também cairá o esquecimento, como a chuva no telhado, e sermos esquecidos será quase a felicidade"

(Leminski)

11 de abril de 2010

tempo tempo tempo...


Tempo, desapareça daqui! Eu não tenho tempo... Tenho sim, tempo tem, não tem tempo sobrando, só isso. Mas não ha do que reclamar, ando ocupando minha cabeça, tomando cafés com pessoas agradáveis, lendo pouco (Baudelaire), mas na hora do almoço da pra pensar alguns versos, pensar em alguns planos, mudanças, com pouco tempo, oh tempo, senhor da minha inquietação...

Comecei a trabalhar e agora não sei mais o que é vida social ou afim, mas as minhas noites bem dormidas (por causa do cansaço) tem sido uma graça divina. Estou postando pouco, pouquíssimo, mas não esqueço do blog, que leva meu carinho, minhas palavras, e um tanto dos meus sujos sentimentos... Hoje à tarde, nessa tarde de domingo de outono (nunca pensei gostar tanto de uma tarde de domingo) ganhei uma folga, estou me dando uma tarde, com direito a almoço feito por yo, vinho tinto e alguns toques no apê, uma varridinha aqui, uma limpadinha ali... Ainda quero fazer a barba e ver um filminho (a cor púrpura, fica a dica).

Não estou pensando em nada, não paro de pensar, e quero deixá-los com um fragmento qualquer, que me lava a alma, essa alma que também é suja...

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

(c. Lispector)

Esse fragmento vai para uma Lispector que entende bem o que não se pode entender, q é linda, q é vida, q é pequena, mas grande de sonhos e de vontade de ser, apenas ser. Esse fragmento é pra você, pequena lis, querida Ciça. Que me chama de Caio Nattan Fernando Pessoa Wilde de Moraes, e eu adoro.

Beijos e boa semana. Voltarei quando tiver TEMPO.

4 de abril de 2010

um café, uma sacada, tua companhia...


Como um brotinho de feijão foi que um dia eu nasci,
Despertei cai no chão e com as flores cresci.
E decidi que a vida logo me daria tudo
Se eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro.

Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou
Que um nome de passarinho me encheria de amor
Mas passarinho se não bate a asa logo pia
Eu que tinha um nome diferente já quis ser Maria
Ah, e como é bom voar...


(passarinho, Tiê)

ps: essa postagem eh especial p uma pessoa que estou com muita saudade, que espero sempre encontrar numa praça, numa esquina, em paris, em buenos aires... desde que possa encontrar, tomar um café, fumar um cigarro sujo, olhar para um lugar qualquer, pq o lugar nao importa quando estou perto de vc. ter sua companhia eh sempre um presente, aconchegante, e sem preço. pra vc mari. bjs