20 de junho de 2010

pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe...



passo um café como quem pinta as unhas pensando no futuro, o café passa como passa o tempo por mim, amargo, preto, com aquele cheiro único, agora misturado com incenso de manjericão... engulo-o, gole a gole pausadamente, deixando os oculos embaçarem, e a visao turva nao ve nada, escuta maria sem pensar, alias, sem parar de pensar jamais. fico aqui cantarolando um estribilho antigo, um verso que me doa menos, que me faça sonhar, e oniricamente nao sou eu, mas esse lirismo que toma conta de mim, pequeno, distante, com a alma nos olhos, e o cigarro na boca.

descobri que o melhor remedio para os sentimentos nao reciprocos e os caminhos nao trilhados do coração é viajar, "quando você nao tem o amor, você ainda tem as estradas", Caio sempre soube colocar beleza e crueldade na verdade.

ando assim, Caio pra cá, Caio pra lá, e só o que me salva desse abismo literario, doentio, verdadeiro e irremediavel, sao as estradas, abra os meus caminhos, eu quero viajar... falta pouco, em breve quero caminhar longe, força e energia, torçam por mim.

fragmento do Caio F. para terminar a postagem:

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

Um comentário:

  1. Amei essa postagem... linda e forte como vc, como sua alma!

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